A Prefeitura de São Paulo construiu um muro de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura na Rua dos Protestantes. A obra cerca o local onde usuários de drogas se concentram na região da Santa Ifigência perto da estação da Luz.
O muro tem causado polêmicas e questionamentos, a prefeitura de São Paulo afirma que a construção não visou segregar, excluir ou restringir o direito de ir e vir das pessoas em situação de rua e que a medida tem caráter preventivo e protetivo para evitar acidentes, especialmente atropelamentos. Já o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Adilson Sousa Santiago critica a medida.
Para ele, as forças de segurança não estão preparadas para lidar com a população que busca dignidade. “A gente vê um muro, que eu em outras conversas taxei como apartheid social. De um lado você tem aquelas pessoas marginalizadas, jogadas a essa política higienista que não discute segurança, saúde pública, que trata aquelas pessoas doentes como bandidas, é um absurdo. Do outro lado você tem o poder imobiliário, as grandes empreendedoras, o comércio, tem aquelas pessoas que se sentem melhor do que as outras e não se veem parte da solução naquele cenário”, afirma ele.
Segundo o presidente do Condepe a solução encontrada pelo prefeito foi criar um “Muro da Vergonha”, que na opinião dele divide as pessoas, coloca de um lado pessoas que não interessam para um governo que não olha para o social, não discute saúde pública com qualidade e prepara as forças de segurança que deveriam acolher para agredir, massacrar e marginalizar o povo e jogar, cada vez mais, nos braços da insegurança e do crime organizado.
“Infelizmente o que a gente vê no estado e cidade de São Paulo não é o acolhimento. O que a gente vê, quando recebe informações que a Guarda Civil está preparada não para acolher, mas para reprimir. O vídeo veiculado recentemente (na imprensa e redes sociais) demostra como eles (a Guarda Civil Metropolitana) está sendo preparada. Todo mundo sendo taxado de bandido e bandida, e o tratamento é choque, gás de pimenta, cassetete. É um absurdo a gente ter uma política higienista como está no estado de São Paulo”, ressalta Santiago.
A Central de Notícias da Rádio Águia Dourada é uma iniciativa do Projeto “Compositoras do Brasil: da invisibilidade ao protagonismo”. Este projeto foi realizado com o apoio da 8ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.
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